quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Descalvado - Palestra de Guilherme Davoli alerta para a necessidade de se viver de forma simples

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


Terapeuta critica consumismo e hedonismo desenfreado

O psicólogo, terapeuta e professor universitário Guilherme Davoli deu uma palestra a um grupo de servidores ligados ao Magistério descalvadense, no último dia 17 de fevereiro, no anfiteatro da prefeitura. O tema desenvolvido foi “A Busca da Qualidade Pessoal e Profissional”, a partir de um processo de avaliação interior. O palestrante esteve na cidade a convite da secretária de Educação e Cultura, professora Rosinês Pozzi Casati Gabrielli.

Com o auditório lotado, Davoli iniciou a palestra lembrando que 2009 começou bastante nervoso, em função da crise mundial. “Entramos no ano assustados. A crise pode até não ter sido tão significativa, mas o medo que ela causou, alimentado por setores da imprensa, fez com que entrássemos no ano com o freio de mão puxado. Os alunos sentiram as sequelas; tivemos momentos tensos no ambiente familiar e no trabalho. Quem mais se machucou com tudo aquilo foi o ser humano”.

Para o terapeuta, em 2010 a situação começa diferente, apesar das tragédias que costumam acontecer na virada do ano. “As pessoas estão mais animadas. Não porque a vida melhorou, mas simplesmente perceberam que a vida vai melhorar”. Citando a música “Meu Jardim”, do compositor Vander Lee, Davoli sugeriu a todos que se livrem das amarras do passado, das coisas ruins que atrapalham a existência de cada um. “É hora de podar as plantas do jardim”, disse.

“A pós-modernidade” – continuou o palestrante – “diz que a gente tem de viver ‘tudo’, que ‘tudo é possível’. Nos anos 60 e 70 o certo e o errado eram bem definidos; hoje as crianças fazem coisas erradas porque tal conceito não está claro”. Para Davoli, a disciplina é necessária nessa busca da qualidade pessoal e profissional. “E disciplinado é quem é feliz num mundo real; é preciso repensar-se a partir de valores que sejam coerentes. Fazer o que todo mundo faz, elogiar ou criticar as mesmas coisas, andar em bando, cantar as mesmas músicas, isso tudo qualquer medíocre faz. E a mediocridade está abaixo do retardo. Impor-se um processo de disciplina é grande vitória do Homem, com relação a si mesmo”.

Ainda analisando o cotidiano sob o ponto de vista da pós-modernidade, com a exacerbação do consumismo e hedonismo, “onde você é tudo ou não é nada”, Davoli disse que “nós não somos donos da nossa vida, diferentemente do que prega a pós-modernidade. Somos, no máximo, gerentes da nossa vida. E ela está cada vez mais complexa, porque acreditamos que podemos ter tudo, sermos tudo”. Para ele, é necessário absorver as coisas simples da vida.

Família e Companheirismo – Davoli chamou a atenção para a necessidade do envolvimento familiar no processo educacional dos alunos. “Nosso grande erro foi deixar a família de lado da Educação. Porém, é preciso entender que se trata de uma relação individual, e não coletiva. Muitas famílias não se aproximam da escola porque tem medo”, afirmou o terapeuta, observando o fato de que muitas reuniões são coletivas, o que inibiria a presença dos pais dos alunos. Para ele, a conversa entre o mestre e a família deve ser de forma particular, sem traumas, levando em consideração aspectos positivos das crianças.

Outro ponto abordado foi a necessidade do companheirismo no ambiente de trabalho e na relação com pais e alunos, “lembrando que companheiro é aquele que anda junto. E você não é companheiro na hora em que você quer, mas quando é necessário”. Por fim, Davoli deixou uma mensagem no ar: “depois que aprendemos o que se sabe, chegou a hora de sabermos aquilo que não se sabe. É preciso mudar”.
Prefeitura de Descalvado

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